"Esta é para o teu enxoval" - há já alguns anos que, em cada aniversário e em cada Natal há alguma prenda que abro e que vem seguida desta frase. Para uma eventual casa, tenho recebido de tudo: um mini grill, dado pela minha mãe, uns panos para a casa de banho e uns têxteis de cozinha, dados pela minha madrasta, uma tábua de madeira, dada pelo meu tio, umas saboneteiras que já nem me lembro de onde surgiram, etc... Só falta um pormenor: a casa. Fiz 25 anos e o mesmo se passou, no meio de roupas, perfumes, coisas com a Dory e com unicórnios lá estava ela: mais uma prenda para o enxoval. Fiz 25 anos e tenho um enxoval quase completo. Fiz 25 anos, estudei o que tinha a estudar, trabalho, sou tão poupada quanto posso e continuo a viver na casa onde cresci - uma casa, que apesar de tudo não é "a minha", é a da minha mãe. |
Tinha este sonho em miúda: crescer, começar a trabalhar e ir viver sozinha para um apartamento pequenino, onde poderia ter talvez um gato ou um cão e fazer uns jantares de vez em quando. Alguns dizem na TV que sonhavam pisar um palco, desde crianças, não ia tão longe, só queria a minha casa. E até crescer pensei sempre que o que me faltava era apenas o trabalho, mas não, já não é possível conseguir uma casa, apenas por ter um emprego.
E esta continua a ser a coisa que mais me preocupa na minha geração: somos tão independentes quanto podemos, mas não temos hipóteses de ser mais se quisermos. Habituam-nos a viver debaixo das asinhas dos papás e por mais que sejamos contra isso, não nos deixam ter outra hipótese. Já fiz as contas todas que tinha a fazer, juro que fiz, e não tenho grande escolha: ou aguento ou opto por partilhar casa com alguma amiga ou um desconhecido qualquer (para quê? nunca será a mesma coisa e, para isso, espero pelo momento certo e vou viver com a pessoa com quem realmente quero partilhar casa um dia).
É triste. Mas ao menos tenho o enxoval...
E esta continua a ser a coisa que mais me preocupa na minha geração: somos tão independentes quanto podemos, mas não temos hipóteses de ser mais se quisermos. Habituam-nos a viver debaixo das asinhas dos papás e por mais que sejamos contra isso, não nos deixam ter outra hipótese. Já fiz as contas todas que tinha a fazer, juro que fiz, e não tenho grande escolha: ou aguento ou opto por partilhar casa com alguma amiga ou um desconhecido qualquer (para quê? nunca será a mesma coisa e, para isso, espero pelo momento certo e vou viver com a pessoa com quem realmente quero partilhar casa um dia).
É triste. Mas ao menos tenho o enxoval...