Eu jurei. Juro que jurei. No dia em que decidi andar com este blog para frente, garanti a mim mesma que não ia fazer dele um mote para falar mal de tudo e mais alguma coisa, muito menos de assuntos polémicos, de quem toda a gente fala e para quem toda a gente tem sempre uma opinião na ponta da língua. Mas não cumpri - sempre ouvi dizer quem "quem mais jura, mais mente"- e já é a segunda vez que venho aqui dizer mal daqueles que dizem coisas sem sentido sobre tudo o que ouvem/vêm.
Mas caramba... agora a moda é comparar problemas que nada têm a ver uns com os outros e isso deixa-me f*****! (Francamente irritada, leia-se). Vamos lá ver se nos entendemos, malta:
- Uma mulher que decide fazer um aborto não tem, necessariamente, que ser uma porca, uma oferecida, uma "rebelde", ou uma pessoa com falta de atenção e educação em casa. Pode ser, é um facto, mas não é obrigatório. A verdade é que isso podia calhar-te a ti, ou à tua melhor amiga, ou à tua namorada, ou à tua irmã (sabe-se lá...). Mas, pior do que isso, uma mulher que, por azar, num dia como outro qualquer, foi arrastada para um canto, violada e, por isso, forçada a abortar de um homem que ela nem conhece mas com quem foi obrigada a ter sexo, não teve, de certeza, esse azar só porque estava com uns calções demasiado curtos, ou as mamas ao léu! Pior, muito pior ainda: duas amigas que são violadas e mortas durante uma viagem, não são burras, ou oferecidas, ou exibicionistas. São mulheres, como tantas outras, cujo destino não foi o mais feliz. |
- Uma população que morre, frequentemente, num país pobre, por falta de recursos como água, comida, serviços de saúde, etc., é triste. Aliás, eu diria, é frustrante, que isto de eu me estar aqui a queixar destas coisas que só me afetam a mim porque sou uma sensível de merda, deviam passar-me ao lado quando há problemas mais graves no Mundo (passo o cliché). Mas repare-se que uma população que morre, esporadicamente, porque um maluco qualquer, que "ah e tal, teve vontade naquele dia de estourar consigo e com os outros à volta", não é triste, é desesperante! Deixem-se lá desses moralismos que milhares de pessoas morrem em África todos os dias e ninguém liga, mas que depois alguns morrem em Paris, ou em Bruxelas, e fica tudo em choque e a mudar a foto de perfil... Primeiro: não, eu não mudei, mas porque não me deu para isso. Segundo: estas merdas não são comparáveis, pessoal! |
- Para terminar: sim, é uma chatice estarmos pobres, haver gente sem emprego, os hospitais demorarem, no mínimo, três horas a atender uma pessoa nas urgências, etc. E sim, há coisas que devem ser feitas e medidas que devem ser tomadas. Mas porra! Parem de criticar cada coisa que é feita: se constroem é porque gastam dinheiro, se vão aos hospitais mostrar apoio pelas crianças é porque só querem "dar show", se cortam nas reformas é porque roubam, se aumentam os salários mínimos é porque facilitam... Afinal digam lá oh espertinhos, o que é que vocês fariam, com a certeza de que não seriam criticados por ninguém? É assim tããããõ difícil de compreender que, mal ou bem, eles lá vão tentando? (Sim, já sei, também há as bestas que nunca tentaram, só vieram lixar isto tudo, não sou nenhuma ingénua. Mas também não sou ninguém para dizer "eu bem sabia", porque não sabia. Ninguém sabe"). |
Bem... Foi mais um desabafo, no Re'living. Se bem que devia focar-me na mãe do Bambi, que um dia disse "Filho, se você não tem nada de agradável para dizer, mais vale ficar calado". Amém.